(Baseado em fatos reais)
Ele acordou certo dia com uma coceira no peito. Notou uma espécie de “pintinha” que coçava um pouco, mas nem deu muita bola.
Picada de pernilongo – pensou.
Sua vida estava passando por uma fase de muitas mudanças e com tantas coisas a resolver, acabou deixando aquela coceira de lado por alguns dias.
Certo dia notou que a tal “pintinha” havia aumentado de tamanho, estava inclusive grande, escura e ainda soltava um líquido amarelado.
Tocou um alarme em sua cabeça. Foi ao pronto socorro.
O médico examinou o local da coceira com curiosidade, um certo ar de dúvida e deu o diagnóstico:
– Meu amigo, acho melhor você procurar um dermatologista urgentemente. Não sei ao certo o que você tem, mas me parece que seja um tumor. Por isso vá o mais rápido possível, ok?
– Ok – foi a única coisa que conseguiu dizer.
Era tarde de um domingo. Passou então o resto do dia e a noite toda na companhia de pensamentos nada agradáveis.
Segunda logo pela manhã ligou pra sua dermatologista. Conseguiu um horário para a tarde.
Chegou 10 minutos antes do horário, sentou na sala de espera e começou a balançar a perna.
A médica chama, ele entra, conta a história, ela examina, examina e dá seu parecer:
– Olha, vamos fazer uma biópsia para sabermos realmente o que é isso. Não parece que seja um tumor, mas temos que ter certeza.
Sentiu um pequeno e momentâneo alívio depois das palavras da doutora, mas ela prosseguiu.
– Agora, isso que você tem apareceu porque seu sistema imunológico está com a defesa muito baixa. Por isso vou ter que te pedir um teste para HIV, ok?
Dessa vez nem o ok conseguiu dizer.
Ela receitou alguns remédios, preencheu uns papeis para os pedidos de exame e biópsia, explicava, mas ele estava com o pensamento longe.
Saiu da clínica, entrou no carro, sentou. Não acreditava no que estava acontecendo. Começou a rir e no mesmo momento pensou:
– Poxa, eu estava com medo de estar com câncer e agora posso ter é AIDS? Ou pior, posso ter os dois?
Soltou uma gargalhada.
Foi embora. Ficaria três dias fora por conta de uma viagem de trabalho. Só poderia fazer o teste de HIV na sexta.
Passou então a semana na companhia de monstros, fantasmas, bruxas e tantos outros seres que povoavam seus pensamentos.
Fez então o exame. O resultado sairia na quarta. Segunda-feira ligou no laboratório.
– O exame já está pronto senhor – disse a voz da atendente ao telefone.
Saiu imediatamente em direção ao laboratório. Pegou o exame todo apreensivo. Tinha a sensação de que todos sabiam o porque dele estar ali.
Entrou no carro, abriu o envelope com as mãos trêmulas, procurou por entre os papéis e finalmente achou. Sorologia HIV. Procurou por um “positivo” ou “negativo”. Mas encontrou um “não reagente”.
– Que porra é essa – pensou.
Descobriu então com grande alívio que isso significava que o exame dera negativo. Não tinha AIDS.
Agradeceu a Deus e voltou ao trabalho.
Fez a biópsia dois dias depois. Recebeu o resultado após duas semanas com outro alívio. Era apenas uma dermatite de contato. O nome era maior, mas menos apavorante e com uma pomadinha tudo se resolvia.
Agora sim tinha motivos pra rir.